Há tantos que não pode haver tantos,
porque se houvesse tantos, nem um havia.
E mesmo que houvesse um,
como seria ele singular e autêntico,
se os outros eram tantos?
Não, não pode haver tantos
sem que rompesse de imediato
um escândalo e catástrofes,
por haver apenas um entre tantos.
E no final esse tal seria afinal nenhum,
para que continuasse a haver tantos,
apesar de não haver sequer um.
4 comentários:
Brillante y superador. Te felicito, Poeta Amigo!!
Obrigado, Carlos
Luís, teu poema brinca com a ideia de identidade de forma provocadora e inteligente. É curto, mas cheio de implicações — como se colocasse um espelho na frente do outro e nos obrigasse a encarar o vazio que se forma no meio.
A forma como questionas a existência do “um” entre “tantos” é sutil e ao mesmo tempo desconcertante. No fim, a sensação é clara: quanto mais tentamos nos afirmar entre a multidão, mais escorregamos para o anonimato.
É um texto que deixa eco — simples na forma, mas certeiro na inquietação que deixa. Ja estou te seguindo aqui.
Abração
Dan
https://gagopoetico.blogspot.com/2025/04/receita-de-um-caos-controlado.html
Muito obrigado, Dan. Pela tua leitura esclarecida.
Enviar um comentário