28/10/2024

Símios

 Imagino a minha expressão facial

enquanto como os flocos da manhã.

Vejo a de um orangotango: olhos pequenos e semicerrados,

como quem tenta ver qualquer coisa invisível.


Os dedos sobem depois distraídos até à boca.

Parecem dedos de outro corpo

com o desejo em tocar no buraco das palavras,

em verificar a espessura poliglota dos lábios.


Somos símios com palavras.

Ainda não podemos ser mais.


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