19/07/2024

Do nada, outra vez



Tanta felicidade também cansa.

Tem de haver um ponto

uma constância infeliz

um lodo onde nasça

a próxima flor sobre a cicatriz

mas agora em ponto cruz rendada

numa malha ainda mais fina

para que a pouca luz que por lá passe

seja — como assim dizê-lo? —

louvada, sagrada, talvez.


É por isso,

que temos de recomeçar do nada,

do éter, da farsa,

para que essa sagração aconteça outra vez




[Tradução para o Castelhano]


Tanta felicidad también cansa. Debe haber un punto una constancia infeliz un lodo donde nazca la próxima flor sobre la cicatriz pero ahora en punto de cruz bordada y de malla más fina que nunca para que la poca luz que por allí pase sea — ¿cómo decirlo? — alabada, sagrada, tal vez.
Es por eso, que tenemos que hacer una nueva partida, del éter, de la farsa, para que esa consagración ocurra otra vez.


3 comentários:

El Sentir del Poeta disse...

Querido amigo, hermoso poema, a mi la felicidad no me cansa pero cuando la tengo dura tan poco que hay que volver de la nada, a florecer.
Un placer leerte.
Cariños y besos

Graça Pires disse...

Recomeçar do nada. Como se não tivesse limites a desordem onde resistimos às cicatrizes do medo. Não cansa ser feliz. O que casa é não sabermos se existe a felicidade ou se é apenas o sossego onde esperamos a luz... Belo poema,
Uma boa semana.
Um beijo.

Graça Pires disse...

Desculpe: que dizer o que cansa.
Abraço