No cimo da escarpa avista-se um castelo em ruínas. Suas torres e muralhas erguem-se agora caquéticas, como dentes espaçados e incompletos. Ali, abandonado, o antigo bastião é um monumento à solidão. Ninguém lhe presta já um carinho, uma breve homenagem sequer. Apenas as cabras e as vacas lhe fazem companhia. Pela sua localização e envergadura, adivinha-se a importância de outrora.
O castelo viu partir os inimigos primeiro; os seus soldados com o último alcaide, tempos depois. Queixou-se a quem o ouvisse da ingratidão dos que o deixaram, apesar da sua inexpugnável solidez.
Jamais assumiu a sua inércia. Em vez disso, deu-lhe para culpar a história, as modas e a traição daqueles a quem dera boa guarida. Esquecera-se afinal de mudar para continuar a fazer sentido.
Castelo de Peñafiel (Zarza La Mayor) Foto Fátima Rodrigues |
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