Aos meus filhos disse:
cuidado com os poemas
que queimam as pontas dos dedos
com ácido clorídrico
e desfazem pouco a pouco a traqueia
com o atrito daquelas partículas sintáticas
que ficam a mais nas esquinas dos versos.
Se querem ser poetas, meus filhos,
esqueçam Kant, esqueçam Séneca
e outros doutos cânones da razão.
Em vez disso, empreendam sobretudo
uma melodia doida
saltando de galho em galho
pelo bosque naufrago dos moucos.
Em qualquer café da cidade, dir-vos-ão
que toda a poesia são diapositivos insanos
projetados em paredes rebocadas de lama e ilusão.
Sem comentários:
Enviar um comentário