Olho com prazer as aves:
felosas geniais aprendendo o caminho da graça
no labirinto dos silvados;
piscos de peito-ruivo ensinando bel canto
às gralhas coitadas ainda tão atrasadas
na viagem da harmonia;
e as últimas andorinhas procurando atónitas
o bando que partiu mais cedo
e as deixou sozinhas;
Surpreso com as aves, frágeis, voláteis,
ascendendo e descendo dos céus
pergunto se não serão elas
agentes pagãs de Deus?
1 comentário:
Luís, o teu poema é tão claro, limpído como a água, na descrição das "Avezinhas". Consigo vê-las, e talvez essa seja uma influência de Cesário Verde, a presença da sensação visual. Além disso, a interrogação retórica final desperta-me a memória das leituras de Alberto Caeiro e do seu panteísmo. (Análise da Professora Lina Mendonça)
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