Magras são as manhãs
para o lirismo que pousa
como pó sobre as mobílias.
Escrevo-as com um pano,
prendendo as palavras
na possibilidade húmida do tecido.
E, se no final,
as mesas e os armários brilham
como capacetes de legionários
antes da batalha,
e a alma começa devagar
a regressar ao corpo,
é na folha de papel
que ficam
as marcas irregulares
das sensações.
A pergunta é sempre a mesma:
o que farei com elas agora,
depois de as deixar na ata
desta reunião sincera?
Regar as plantas, talvez.
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