20/09/2025

Ouço o brilho prematuro da tarde

Ouço o brilho prematuro da tarde, 
quando me levanto pela manhã. 
E peço logo ali a noite também,
o breu do covil, 
uma droga qualquer que me faça adormecer  
como se tivesse jogado à bola o dia todo
num baldio plano e terroso que havia em frente à escola.

Desejo enfim que os dias passem sem passar, 
como quem espera a namorada aos quinze anos 
na estação ferroviária. 
E em cada comboio que chega, 
procuramo-la entre a turba que sai,
 uma a uma, grão a grão, e nada. 
Apenas um desejo imaturo 
que se esfria à medida 
que o sol se põe por detrás 
de qualquer coisa
que só mais tarde
entendemos que foi a vida.

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