21/05/2025

recostei-me e lembrei-me do Kafka

Enquanto repousas,
toda a máquina tritura: 
rodas dentadas entaladas em rodas dentadas, 
oleadas, impossíveis de parar, 
pegam no presente, 
nas tuas expectativas e (vamos lá ver)
nas tuas nobres ambições 
e fazem delas ração para galinhas poedeiras: 
ambições; rodas dentadas; galinhas; ovos; 
e pintos sem grandes ambições 
(que mais tarde alimentaram as tuas)
necessariamente por esta ordem
num ciclo com a potência mínima de uma culatra puxada atrás. 

2 comentários:

Graça Pires disse...

Há por aí muitas máquinas trituradoras das nossas expectativas, dos nossos sonhos. Rodas dentadas a desenhar fantasmas em nossa pele, para nos inquietar a vida. Tem razão para lembrar Kafka.
Uma boa semana.
Um beijo.

carlos perrotti disse...

Tu poema es una maquinaria de versos e instantáneas que se ven, que resuenan y evolucionan, amigo, y que seguramente le encantarían a Kafka.
Abrazo admirado una vez más.