30/05/2025

O inverno seguinte

E a seguir à canicula do verão,
o frio do inverno,
as pústulas,
as células agora mais velhas,
suplicando da pele
a frescura doutros tempos.

O cheiro disfarçado da urina
ou da lixívia que tudo mata
e encobre —
tudo menos a percepção
de que algo mudou
de forma aparentemente irreversível.

2 comentários:

carlos perrotti disse...

La impermanencia también nostalgiosa que sólo un Poeta sensible como vos sabe depurar en inolvidables versos...
Bien hecho, amigo. Abrazo admirado!!

Graça Pires disse...

Às vezes precisamos de sofrer o calor e o frio excessivos para que a urgência de viver a vida se nos pegue à pele e sabermos avistar o perfil da nossa infância, mesmo que inventada, e termos a certeza de que irreversivelmente tudo mudou .
Uma boa semana.
Um beijo.