04/05/2025

Até as aves sabem esperar




Chove
em maio.

O que se pode esperar,
quando — em plena primavera —
a falésia se aproxima de um velho?

O que se pode esperar,
quando ele dali saltar
para a mata verde
que o levará ao mar?

Se o sol reinasse,
folgariam as felosas e as toutinegras
pelas margens dos trilhos,
saltando de moita em moita,
como os mestres carpinteiros do Cesário.

Agora, assim,
aguardam escondidas, invisíveis,
que as nuvens passem;
que o sol desvende
o seu rosto caridoso.

Só depois
a paixão da avifauna prosseguirá:
quente, melodiosa —
até ao eclodir dos quatro ovinhos:
Mateus, Marcos, Lucas e João.

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