SENHA 14 BALCÃO C
Talvez não tenhas percebido, mas o tempo parou e ninguém sabe quando avançará de novo. Chamam-lhe paciência de doente, pausa de bêbedo que não se consegue levantar do sofá.
SENHA 2 BALCÃO B
Sem expectativas entre as personagens, a peça não arranca. Ficam ali a proferir teses, frases e aforismos de vão de escada até ao absurdo, até ao público perguntar: “Mas o que querem afinal estes gajos?”.
SENHA 23 BALCÃO C
Agora és o público de ti mesmo, à espera de uma boa razão para teres saído de casa. “Que espectáculo é este?”, murmuras para o tipo do lado. E ficas a pensar que a récita parece um estendal de roupa molhada, num dia de chuva morrinha que não deixa secar nada.
SENHA 8 BALCÃO A
Como chamam os filósofos ao tempo que para? E como sabemos que está mesmo parado? Talvez por que, em teu redor, os coxos avançam, os paralíticos quiçá, as crianças crescem e parecem já homenzinhos atendendo pedidos de um corretor da bolsa. As flores rebentam, amarelecem com esplendor e morrem tolhidas pelo inverno, enquanto continuas na sala de espera do consultório médico.
SENHA 14 GABINETE 3
Sem comentários:
Enviar um comentário