14/02/2025

A espera










SENHA 14 BALCÃO C

Talvez não tenhas percebido, mas o tempo parou e ninguém sabe  quando avançará de novo. Chamam-lhe paciência de doente, pausa de bêbedo que não se consegue levantar do sofá.

SENHA 2 BALCÃO B

Sem expectativas entre as personagens, a peça não arranca. Ficam ali a proferir teses, frases e aforismos de vão de escada até ao absurdo, até ao público perguntar: “Mas o que querem afinal estes gajos?”. 

SENHA 23 BALCÃO C

Agora és o público de ti mesmo, à espera de uma boa razão para teres saído de casa. “Que espectáculo é este?”, murmuras para o tipo do lado. E ficas a pensar que a récita parece um estendal de roupa molhada, num dia de chuva morrinha que não deixa secar nada.

SENHA 8 BALCÃO A

Como  chamam os filósofos ao tempo que para?  E como sabemos que está mesmo parado?  Talvez por que, em teu redor, os coxos avançam, os paralíticos quiçá, as crianças crescem e  parecem já homenzinhos atendendo pedidos de um corretor da bolsa. As flores rebentam, amarelecem com esplendor e morrem tolhidas pelo inverno, enquanto  continuas na sala de espera do consultório médico.

SENHA 14 GABINETE 3


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