À Adília Lopes, in memoriam
O grande peixe esconde-se no candelabro das trevas. As suas barbatanas arfantes aceleram o fluxo das águas paradas, garantindo a salubridade possível no meio do lodo.
Quando as nuvens deixam passar alguns raios, o grande peixe sai dos seus aposentos.
Emerge então pela coluna de água, agora pseudo solarenga. Das suas escamas, um matiz vermelho e azul reluz, institucional e magnânimo.
Todos estamos afinal condenados à nossa magnitude, seja ela qual for. Quando era um pequeno e escuro alevino, ninguém diria que se tornaria tão grande e brilhante.
Saboreia agora inocente estes instantes de evidência, como qualquer condor faria, sob os ameríndios céus de uma civilização extinta.
Alevino - peixe com poucas semanas de vida.
1 comentário:
Conmovedora prosa para Adília, una grande Poeta. Ela amaba os gatos y por eso aprendía a amar a sua poesía.
Abrazo, amigo!!
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