E, se como refere o poema “Bloqueio” na página 43, às vezes não se sabe como começar os poemas, sempre este autor é capaz de encontrar a voz que integra diferentes registos discursivos, num jogo de conceitos que distingue a sua fala de poeta dos outros poetas, sublimando as emoções no desenho das "sombras que inventa nas paredes das casas" (pág.26), mesmo presumindo que o "fim e o início são a mesma coisa" (pág. 26).
Porque a poesia é o espaço onde se pode ser tudo mesmo não tendo nada, transformando em realidade o que imaginamos. Por isso constitui a expressão mais viva da angústia humana cruzando de modo único a vida e a morte, mesmo quando "deus é levado pela leviandade do vento" (pág. 10), ou "o mundo muda sem nos avisar" (pág.17) e "nós somos apenas o que nos falta" (pag. 36).
Graça Pires |
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