Afinal não sou eu que falo, quando falo ou penso,
ou mesmo penso, escrevendo.
E como se não bastasse para agravar tudo isto,
acabo de ler que "o ser e o dizer são para mim a mesma coisa".
Assim sendo e fechando aqui o silogismo,
temo que serei para sempre uma espécie de Belo
dito por Cintra, na única voz que foi capaz de sê-lo ao dizê-lo,
como aliás eu já to disse.
Afinal a minha prosódia, assonâncias e aliterações não são mais
que pensamentos escritos, num sábado à tarde,
por um poeta descabelado e exaurido numa esplanada semi despida
em Madrid, Salamanca ou Pavia.
1 comentário:
Li o livro "A angústia da influência" de Harold Bloom há muitos anos, tentando compreender que angústia era essa. Já nessa altura eu achei que o autor exagerava porque eu, que me deixo influenciar por tudo quanto é boa literatura não me sentia angustiada com isso. Todos nos influenciamos uns aos outros e é tão bom quando a escrita de alguém ilumina a nossa própria escrita. Não recuso a cúmplice apropriação da linguagem dos outros para transformar o meu dizer, embora me legitime no poema.
Desejo que esteja bem.
Uma boa semana.
Um beijo.
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