Escrever...escr... esc da tecla "Escape"
Certo dia perguntarás:
"Escrever para quê, para quem?
Se o esquecimento se apropriará de tudo:
dos meus poemas, da língua em que os escrevi
e mais tarde do planeta onde a língua se falava
ou mesmo do universo onde ele rodava, rodava
como a saia de um dervixe turco."
"Um leitor basta, apenas um.
A diferença entre nenhum e um leitor
é maior do que entre um e cem leitores",
disseste numa entrevista há muitos anos.
Ainda que agora, ao tornares-te um escritor de “bestsellers”, o negues
ou simplesmente digas que não te lembras de ter dito tal coisa.
Quando as máquinas escreverem e lerem os melhores poemas,
alguém colocará num site de venda e compra de coisas usadas:
"Leio o teu poema e apaixono-me por ti durante 20 minutos
— 12 euros (a negociar)".
E perceberás então que será realmente na negociação do preço/tempo
que estará, escondido e subliminar, o poema humano,
aquele que depende exclusivamente do futuro.
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