Tudo se anima já: os pomos nas árvores,
os arqueólogos-melros procurando no chão
os seus ninhos antecipados.
Do canto das toutinegras, brilham sinais
convencendo-nos de que as trevas perderam.
Dos mortos, já quase nada se sabe.
Dos vindouros, uma esperança apenas.
E, no entanto, há uma promessa a rastejar
entre os grãos de areia, um rumor de vermes
com sede de superfície. Pressente-se
que alguém virá anunciá-lo.
A ousadia dos profetas porém mete-nos medo.
Ainda é cedo, um pouco cedo,
para algo mais do que um segredo.
5 comentários:
O cenário vai sendo montado. É só esperar...
Excelente poema, gostei imenso.
Boa semana.
Um abraço.
"Pressente-se
que alguém virá anunciá-lo." E todos os anos é esperado como um fogo hereditário a ungir-nos a fronte.
À espera de um momento de luz, talvez o meu presépio vazio tenha o menino outra vez.
Desejo que esteja bem.
Tudo de bom.
Uma boa semana.
Um beijo.
Obrigada Luís Miguel. Belo poema. Boa noite.
Este bello poema me invita a reflexionar sobre el ciclo de la vida, y el ciclo de la muerte, representado a su vez por el devenir cíclico de las estaciones. Pronto será invierno, pero sabemos que luego llegará la primavera. Hay que coger lo bueno de la vida.
Talvez o presépio vazio tenha o menino outra vez - é um verso que cabia aqui, Graça.
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