30/12/2023

O bar da cerveja holandesa

Cinco ninfas ensaiavam uma sonata 

composta com uivos de prazer

em torno da mesa de snooker.


Como leopardos agachados,

à espera da presa, debruçavam-se

abanando as maternas ancas,

sobre a mesa de feltro encarnado 

em gestos falsamente desajeitados.


E a dança de pano cru assim continuava

com bolas coloridas deslizando para os buracos,

diante dos auditores novatos da KPMG 

que na mesa ao lado hesitavam entre devorar 

ou serem devorados.

2 comentários:

Jaime Portela disse...

Os melhores auditores que conheci eram da KPMG.
Mas foram todos devorados. As feras eram avessas à mudança...
Magnífico poema, gostei imenso.
Boa semana e Feliz Ano Novo, caro amigo Luís.
Um abraço.

Graça Pires disse...

Ao ler o seu poema, lembrei um poema que um dia escrevi: "Enlouquecemos. Acasalamos na pele o azar e a sorte. A sociedade dez consumo manipula-nos. Tornamo-nos culpados dos equívocos da ruína, do nosso próprio envelhecer"...
Isto não deve ter nada a ver com o que escreveu, mas foi o que me ocorreu ao ler este seu bar de cerveja holandesa.
Desejo que esteja bem.
Que o ano de 2024 lhe traga muitas coisas que deseja, principalmente saúde, conforto e serenidade.
Um beijo.