Enquanto leio poemas de outrem,
o gato olha-me escasso na esquina da televisão.
Está frio porque é inverno ou vice-versa.
Os nervos dos peixes aguardam rente ao vidro
a ração que comigo mesmo negociarei.
Centrípeta cena em fuga para esta mão que a descreve.
Mão tão ágil a mentir com a verdade.
Mão que julga a Ticiano pertencer,
mesmo que não saiba ainda ler.
Talvez por isso teime em inventar
o que não consegue sequer esquecer.
Mother's Duty, oil on canvas by Pieter de Hooch, 1658–60 |
2 comentários:
Decoração que, pelas referências,
será colorida e generosa.
A imagem traz-nos uma cena doméstica,
calma.O pequeno animal, gato,cão?
expectante...a tv ainda demora
muito, no tempo.
Bom Natal
Abraço
A invenção assenta sempre na realidade...
Magnífico poema, gostei.
Boa semana e um ótimo ano de 2024.
Um abraço, caro amigo Luís.
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