13/06/2023

Os condenados

 Há um desdém de pedras que não chega,

 uma desapiedada natureza que se carrega de negro,  

como uma nuvem em abril que  tarda

 em descarregar sobre nós a chuva de sapos.


A espera aflige-nos,

 como dois pulmões teimando 

entre si qual deles  deve respirar. 


E a ordem de execução tarda em demasia, 

mesmo que no patíbulo

— nus e encardidos — 

diante da curiosidade de quem passa,

nos contorçamos de esperança.


"O ultimo sono do condenado (estudo)" de Mihály Munkácsy


4 comentários:

Juvenal Nunes disse...

Uma inquietante prosa poética.
Abraço amigo.
Juvenal Nunes

lis disse...

Ah essa esperança que tarda ...

Juvenal Nunes disse...

Foi com muito interesse que visitei o seu blog onde, por isso mesmo, espero poder voltar mais vezes.
A quadra que prometeu escrever para a Homenagem aos Santos Populares é que se mantém oculta.
Fico a aguardar.
Abraço amigo.
Juvenal Nunes

Jaime Portela disse...

A espera, sempre que somos condenados, ainda que a penas bem leves, é sempre angustiante. Mas não imagino o que seja a espera da execução e se há mesmo ainda alguma esperança nesses momentos.
Um poema de inquietação e excelente. Os meus aplausos.
Continuação de boa semana, caro amigo Luís.
Um abraço.