Tens os dias
contados
um a um
por poemas
bizarros,
frações de
loucura cronometradas,
em que decidiste
— vê lá tu bem —
apaziguar a
urgência do tempo
que corre desalmado
pelos prados.
A manhã é um
sobressalto,
costumeiro solavanco
que o corpo faz
ao entrar
nos carris,
enquanto os
automóveis passam lá em baixo
deslizando até
ao centro da eira,
à seara
deixada em sossego pela noite fora
para que o trigo aprenda a crescer sozinho.
Em dois
minutos, gravitas em torno dos santos,
das primeiras
orações que descongelas à pressa
num micro-ondas
esquecido para sempre na memória.
Fechas tudo
depois.
E vais o mais
depressa que podes
até esse
lugar-nenhum
que tu mesmo
inventaste na noite anterior
antes de
adormeceres sem querer
com o paliativo som do Chill Out,
pensado ao pormenor,
para substituir as “Avé Marias”
e outras
tantas graças que tu outrora davas ao Senhor.
Sem comentários:
Enviar um comentário