27/05/2022

Aloendros

Passam pelos Aloendros

lilases e verdes

sem lhes dispensar

a chispa de um olhar.


Nem grandes, nem pequenos

têm a altura da gente

que ao passar por eles

não os cheira, nem os sente.

Ali ficam, entregando 

as flores às abelhas,

a sombra às lagartixas, 

entre o feno, as papoilas,

as urtigas secas, 

um ou outro plástico esquecido

 como um verso que se extraviou

do soneto.


Eu entendo: são gratuitos,

o seu deleite não ordena

nem classifica quem por lá passa.


Bom dia, Aloendros.

Vinde a mim,

mendigos-belos,

estrelas caídas,

reerguidas na terra

para a terra somente.






1 comentário:

Anónimo disse...

A sorte dos Aloendros, não serem como os humanos, (portugueses) porventura já teriam emigrado, procurando outro povo que lhes agradeça a sua presença...