O rio vai calmo, quase estagnado. O verão é lento e manso. Só percebemos que o rio passa porque leva uma folha côncava a fazer de caravela.
Quando as águas passam, entendemos que já não voltam. Olhamos depois para montante — e vendo já as vindouras — verificamos que tudo se renova: aos nossos pés, temos as águas presentes, que nos banham, refrescam ou arrefecem mesmo se o banho se demora. Parece falta de visão, mas, frágeis e erráticos, aprendemos a contar apenas com "aqui e o agora".
Será tudo resto incerteza ou distância? O rio parece dizer-nos que a nossa vida é um cosmos, e não um caos como às vezes parece. Se assim pensarmos ficamos menos ansiosos, mais disponíveis para aceitar as águas que foram e as que ainda aí vêm.
Rio Erges (1º afluente do Tejo) - Salvaterra do Extremo
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