11/01/2018

Há um ar de neve

Há um ar de neve que me molha e seca
como se a liberdade fosse um pássaro negro
colado a um ramo tão altaneiro e destacado
que se podia dizer inquilino do céu

Deslumbrado, bate as asas, diante aquele horizonte
Bate as asas, o pássaro, bate as asas infinitamente
Mas das fixas patas que não descolam
vem-lhe à boca um sorriso tolo, disfarçado, intermitente
Ao longe, parece um louco
De perto, pareço eu

1 comentário:

Luís Palma Gomes disse...

Para memória futura sobre este poema,deixo aqui uma crítica, coisa tão rara no meio literário, ao meu poema de António de Castro Caeiro: "Gosto muito do paradoxo físico como imagem da liberdade. A fixação e o bater das asas. Como se a liberdade fosse uma ânsia, o que é uma contradição."