Insondáveis pulsões, habitam a cave da casa. E só pelas
estreitas janelas assomam a cor das labaredas que insistem em sobreviver na
lareira antiga - o verdadeiro coração da família. Pelas portas entra e sai o pão, o vinho e
esculturas clássicas, onde ainda se notam algumas imperfeições de um cinzel
cansado do fim do dia. Os jardins vestem a casa de flores e abelhas. Um gato caminha cauteloso não vá algum ruído melindrar os anjos que por aqui persistem em
cantar e tanger violas. Por detrás das grades do jardim, a história passa e
fica empedernida nas colinas da cidade. Mas a casa, não. A casa já não é
história. Transcendeu-se. Os deuses olham para ela como um lar do
verbo “ser”. Depois descem até ela e deixam-se ficar suaves e inteiros como só eles sabem viver.
(Texto escrito no jardim da casa Roque Gameiro na Venteira Amadora)
Casa Roque Gameiro (Venteira - Amadora) |
2 comentários:
gostei muito do texto e da foto.
Parabéns. Gostei muito deste seu texto tão poético. Marias Fernanda Pinto
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