Mexo os dedos do pé freneticamente,
como quem ainda não foi arrancado à vida,
com uma leve sensação de amoras
tão líquidas quanto maduras.
‘Foi isto o verão?’,
pergunto-me de raspão,
desarmando-me assim de tudo
o que ainda seria possível fazer
com as duas balas que me restam
no revólver.
E agora podia repetir tudo outra vez,
como uma ladainha
ou um sermão quinhentista,
que tudo me seria perdoado
mais uma vez.
Mas afinal
para que serve uma consolidação de contas,
assim tão perto do fim do verão,
quando o que havia para acontecer
já se esfumou,
sulfuricamente,
no grande rio de Aqueronte?
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