07/08/2025

O ataque

As bombas caíram-me dentro do sono,
destruíram a cozinha,
o resto do descanso que deixara
entre as migalhas de pão sobre a mesa.

O ataque começou há muito,
mas apenas agora
as bombas atingiram, sibilantes, a casa:
o frigorífico em fanicos, os livros 
desfolhando-se como limos
presos à rocha na mudança da maré.

Apenas a gata não tomou partido moral
e, pata após pata,
caminha e cheira amiúde
por cima dos destroços da louça.

A destruição é certa.
Só não sabemos se virá ao de leve…
ou assim — arrebatadora.

Brandoa, 7 de Agosto de 2025

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