Espero os dias de verão,
mas já não os espero verdadeiramente,
porque todas as coisas são antes e depois,
e o presente não existe realmente.
Estar aqui é, já e em absoluto, não estar aqui.
Quanto ao futuro,
não sei se o quero previsível ou não.
Tudo deveria ter um lugar certo, claro,
circunscrito a um pensamento,
a uma matriz, a uma indiscutível escritura.
Mas o tempo e as nortadas enrolam-nos numa onda,
quando começam as marés vivas.
Talvez por isso — e só por isso —
contemplo, sem expectativas, o grande aquário da sala.
E isso basta-me.
E isso dá-me a sensação estranha que têm os deuses
quando, após o pequeno-almoço,
saem de casa a caminho das Finanças.
2 comentários:
Con lo que me fascina y obsesiona el tema del Tiempo, amigo, me has conmovido con este poema repleto de hallazgos, como por dar un ejemplo: "Estar aqui é, já e em absoluto, não estar aqui."
Abrazo sinceramente admirado,
Ao ler o seu poema lembrei-me do que li em Milan Kundera: "a existência não é o que se passou. A existência é o campo das possibilidades humanas, tudo o que o homem pode vir a ser, tudo aquilo de que ele é capaz". Enquanto o tempo é e não é acrescento eu.
Uma boa semana.
Um beijo.
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