"o rio é só uma história
ele tem pressa
quer logo chegar ao mar
horizonte que o devora
liberdade, enfim mas, fim do rio."
Solange Firmino em "o destino do rio" do livro "Diante das Marés"
- Achas?
- Não vês como devora os horizontes?
- Não devora, mastiga. Há peixes que o sobem, pedras que o lambem, homens que o contemplam.
- O que diz o rio ao mar quando finalmente se encontram?
-Não faço ideia.
-Quando ouves a rebentação das ondas, percebes alguma coisa?
-Nada.
- Claro. Ninguém consegue reproduzir uma história que lhe foi contada à pressa.
- És capaz de ter razão. Mas parece lento, realmente.
- Cuidado com a aparência das águas, sobretudo das águas paradas.
2 comentários:
Talvez o rio tenha pressa, mesmo devorando horizontes. Mas não acreditemos na excessiva vertigem da corrente. O rio quer apenas chegar à foz para, em delírio, penetrar o mar que o espera.
Bonita este seu diálogo com o poema da Solange, a quem todos os dias desejo que melhore depressa porque a queremos de volta.
Desejo que esteja bem, meu Amigo Luís.
Um abraço.
A foz é a meta que o rio tem de alcançar. Mas será o seu fim?
O final do texto do diálogo fez-me lembrar o adágio "águas passadas não movem moinhos".
Abraço de amizade.
Juvenal Nunes
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