24/07/2020

O profeta

Andam sempre a mudar o nome às coisas.
É intemporal esta inquietude.
Antes quando alguém subia sozinho à montanha
ou atravessava o deserto sem propósito material
chamavam-lhe profeta.
Ele escutava e depois professava.
Agora chamam-te a ti.
E depois num subtil jogo de máscaras, 
num disfarçado discurso, 
pedem-te que reveles as palavras.
E tu respondes que "somos um animal sabedor da morte."

Compreendo, todos nós aliás, 
que seria ousadia
diante a periclitante situação do nosso pensamento, ousares dizer o que por lá  ouviste.

Mas aqui entre os dois 
podes segredar-me ao ouvido,
o que te disse afinal Deus?

Sem comentários: