Espremo as palavras.
Tiro--lhes o pus dos hematomas
que me foram deixando pelo corpo.
Elas são a doença onde me curo,
ascensores ofegantes
elevando-me aos pássaros
para que caia de bruços sobre as pedras.
Não há como fugir do seu labirinto
de sentidos já comprometidos.
Não há como entregar as armas
aos pés do inimigo.
Nada há para além delas.
Porque o mundo foi tomado
pela paixão das palavras.
E a única pergunta a fazer
é se a vida acaba ou não como um poema?
2 comentários:
Olá, Luis, ainda se lembra de mim, ou melhor, do meu blogue?
Pois, cá estou de novo. Tem passado bem de saúde e longe do Coronavírus? Eu, até agora nem vê-lo.
Estive a ler alguns textos do seu blogue e como eu gosto de o ler! É tão natural ao escrever que parece que estamos falando um com o outro na mesa do café, assim de forma despretensiosa.
Não duvide! Está cercado de poesia por todos os lados, e ainda bem, acrescento eu. O cerco é bem visível. Poesia é a vida de todos os dias. Poesia, somos nós. Continue a espremer as palavras, assim como quem tem, na puberdade, uma borbulha (no Alentejo, diz-se bico. Isto pode ser mal entendido, mas pergunte à sua mãe se não é assim) no rosto e vai ver que sai sempre pus/conteúdo.
A poesia não se faz sem palavras, que tão importantes são. Com elas amamos e ofendemos, e por isso, é que elas existem, para o bem e para o mal.
Abraço e bom resto de domingo.
Muito obrigado, Céu, pelas suas palavras. Dão-me muita força, Acredite.
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