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Foto do topónimo da rua de acesso ao cemitério de Belas |
De regresso a Belas, fui caminhando pelos seus caminhos magníficos. Os mais altos, no cimo do vale, entregam-nos uma vista maravilhosa. Os mais resguardados, dentro da núcleo central da vila, levam-nos a um passado burguês e campal. Levam-me a mim, especialmente, ao início da minha vida de casado. O último percurso partia dos célebres fofos de Belas até às portas do cemitério e chamava-se Rua da Saudade. Caminhando etapa a etapa lá fiz a sua subida e este poema:
I
a água da fonte
recorda o chilrear do chamariz
quando de súbito se calou
e voltou
ao infinito da memória
II
como se possível fosse
percorro o passado
à procura de um desvio ou atalho
que me permita regressar à visibilidade
III
cambaleio num labirinto
ou danço com a tua ausência
a valsa transparente da saudade ?
IV
no final da estrada
lá está a carreta funerária
sedutora e pacífica
como um banco de jardim
que por mistério ou misericórdia
não é ainda para mim
1 comentário:
Parabéns pelo poema.
Obrigada
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