Era ainda criança, quando vi o nazareno, na estrada da Galileia, repetido no pó magro que mesmo desfocando anuncia. Caminhava entre uma turba de sangue borbulhante - mais tarde derramada sob as patas incoerentes dos leões.
"Não há pai sem filho." - pensei - "Não há filho que não amemos".
Eu juro que vi o nazareno no espelho fosco daquele pó tão leve que chegava ao céu, naquela carne interina que lentamente se transubstancia em palavras e verdade.
Na verdade vos digo, eu vi o nazareno e lembro-me disso muito bem. É como se o visse todos os dias, passando e olhando-me, naquela estrada que vem de coisa nenhuma para o templo de Jerusalém.
Algures perto Jerusálem, 3 de abril de 33 D.C.
Sem comentários:
Enviar um comentário