15/06/2016

A riqueza (e angústia) das nações



Confesso que em tempos idos namorei com os mercados. Agora que eles me "torcem o nariz", declaro-vos a minha antipatia por eles. Não pensem que vou "andar à galheta" com algum dos seus arautos, correlegionários, doutrinados ou doutrinadores. Nada disso. Procuro antes um argumento categórico, uma corrente filosófica capaz de arregimentar um exército ou pelo menos justificar-me os atos diante dos meus ascendentes, descendentes e irmãos.

Temos o mercado de capitais, o bolsista, o cambial, o de trabalho, dos jogadores e o que mais engraço, o mercado local com alfaces murchas e nêsperas pequenas, mas verdadeiras.

Os mercados põem e dispõem, assustam-se e irritam-se. São poderosos como os deuses do Olimpo e, por isso, devemos temê-los e jamais ofendê-los ou desafiá-los. Lembrai-vos das tragédias! Talvez por tradição, os gregos metem-se amiúde com eles.

E porque não há eremitério que se coadune com a minha consciência, nem com o meu comodismo, vou andar por ai como uma erva daninha, misturando-me na multidão, tentando escapar à sachadelas de um qualquer mercado que se lembre de se entreter a limpar a sua horta.

2 comentários:

Paris Toujours disse...

Vivam as ervas daninhas!
Deixei-me em paz que eu quero as nêsperas murchas.

Luis disse...

Acho graça aos "mercados", que nunca têm nome nem país, parecem algo de imaterial quase divino.

Temos que obedecer, temer, seguir e temer os mercados. Os mercados não se controlam, há que aceitar as regras que nos impõem como inevitável.

E mesmo nas piores intempéries, os mercados nunca se questionam.

Espantar-me-is, se não soubesse que de facto os mercados são o capital, e o capital tem nome, por mais off-shores que façam.