Para o Tiago e para a Beatriz
Uma sombra radiosa
guia-te sobre as águas.
Abre-as.
De calça arregaçada,
caminhas dentro do rio.
E entre as paredes liquefeitas,
tens impressões marítimas:
ruínas de barcos,
fazendo bolhinhas pueris,
ânforas romanas,
decalcando o prazer
nos lábios dos caranguejos.
O que podes afinal ali fazer,
se os teus olhos tudo criam
e a tua pele outrora partilhada com as coisas
já nada sente ou lambe ?
Resta-te avançar
nesse jeito turístico
e condenado a ver apenas
por detrás dos carreiros envidraçados
que a maré abriu,
enquanto levava as corvinas,
neste mês encantadas,
por este mar ali tão
finalmente.
2 comentários:
há por aqui luz, e gosto
Obrigado pelo retorno, Luís. É sempre muito reconfortante haver quem leia e sobretudo quem dê o seu parecer. Estou a selecionar poemas para uma antologia com 25 anos de poesia, com um interregno de dez dedicados ao estudo e à profissão, em que nada ou pouco escrevi. Abraço, LPG
Enviar um comentário