O homem da segunda fila perguntou: “Quando mataram Deus para criar o Super-Homem
Nietcheziano, não começámos todos a ficar egocêntricos ? Não seria Deus o que nos
reunia a todos ? E o Espírito Santo,
esse terceiro elemento que nos torna irmão do outro, o que ganhámos em torná-lo omisso no
nosso pensamento ?”
O escritor com oitenta anos respondeu: “Não devemos perder a
espiritualidade. Isso é fulcral. Mas há um conjunto de regras que tentam
instrumentalizar politicamente essa necessidade com as quais eu não concordo. Quem me obriga a seguir
regras, se quero apenas encontrar Deus ? Respondi à sua pergunta?”
O homem da segunda fila respondeu: ”Muito obrigado, senhor
escritor. Claro que sim.”.
Contudo ficou a pensar: Como é possível exercer a
espiritualidade sem religião ? Não será demasiado insolente da parte de um indivíduo
descartar um culto que se renova, uma instituição que se adapta e dissemina, ao
longo dos séculos um caminho para o transcendente ? Certamente, que o escritor teria
também morto Deus e nunca mais o encontrara. Nem sequer o seu corpo morto debaixo de
alguma memória, sentimento ou aflição.
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