"Primavera em Catou" - Auguste Renoir |
A abelha torpe e desmazelada foge do recanto mais quente em direção às primeiras flores secas do verão. Não há regresso para ela e, mesmo que houvesse, já a sua casa teria ardido entre as labaredas inflamadas pela brisa das asas das intimas borboletas.
Nasceu mais uma estação meridional, mas ninguém reparou. Só mesmo a papoila, por que secou, e um gato atento ao lírico esvoaçar das aves, parecem perceber o novo ângulo solar dos raios. Mais tarde, virão marés coloridas e olorosas misturar os fluídos brilhantes da novel estação.
E Deus, que anda de calça arregaçada entre o feno, faz-me uma saudação vulgar e contínua, enquanto deixa atrás de si um trilho de estrelas e planetas, onde as formigas combinam a hora certa da próxima alucinação.
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