Cada época, cada geração, cada sensibilidade expressa ou materializa a sua utopia. A utopia (Lugar Nenhum) de Thomas More cinge-se a uma ilha perfeita onde a razão e a justiça imperam. Era este o ideal de uma época, em que os novos mundos trazidos pelas caravelas estavam por descobrir. Quando o "Novo Mundo" dos Gamas e dos Columbos surge, reformula-se a utopia, porque se sabe já de antemão que esta não será nenhuma ilha nos mares do sul.
Muitas outras formas paradisíacas, interceptam-se e complementam-se, como é óbvio. A história está repleta de utopias. Sempre acreditei que, apesar das utopias não se concretizarem, servem de referência - neste caso uma referência suprema. Como diria Descartes, se existe um ideal de perfeição e omnipotência, então Deus existe.
E por falar em perfeição e nas manifestações divinas, falemos nos belos e românticos jardins de Monserrate - Sintra, um lugar onde homens muito ricos como William Beckford ou Sir Francis Cook poderam desafiar os deuses e conciliar uma visão pessoal de paraíso. Riqueza e Beleza, esse privilégio dos homens afortunados que lhes possibilita conciliar "Negócio" e "Ócio" no espaço de uma existência.
O jardim é por definição uma forma ordenada e humanizada de natureza. Logo, não foge aos gostos da época. O jardim e o palácio de Monserrate denota uma forte inspiração romântica expressa no orientalismo e exotismo, essa corrente que projecta os ingleses para o vasto império vitoriano. Uma cascata, um jardim de fetos árboreos, um jardim mexicano, a ruina de uma capela envolvida por uma luxuriante árvore da borracha e um arco indiano resultante de um espólio de guerra são alguns dos apontamentos que poderá encontrar através do sinuoso (mas aventuroso) caminho do jardim.
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