28/01/2009

O musgo


Reparei hoje que, no canteiro da varanda da nossa casa, onde nada vinga ou floresce, um verde e rasteiro musgo alastrava rente à terra, dourando-a de uma luz-esmeralda e singela. Senti de súbito uma dupla esperança: A esperança do verde e a esperança de quem resiste. Era como se alguém gravasse, naquele punhado de terra, um recado para nós: “Mesmo no mais estéril e adverso lugar do mundo, onde vento estripa qualquer vontade e o sol inclemente incinera últimos esforços de um redentor milagre, uma minúscula planta anunciasse uma forte vontade de viver.

No dia-a-dia, quando tudo o que esperávamos de ventura e boas-novas, teima em não comparecer, devemos estar atentos aos cânticos que o Deus das pequenas coisas nos segreda.

Não eram frondosos e férteis arbustos que cresciam no canteiro da nossa varanda. Em vez deles, pequenos tufos de microscopias folhas. Mesmo assim eram tão belos e íntimos que me encheram de fé. Daquela fé ou generosa magia que fez renascer a Fénix das escassas cinzas.

1 comentário:

joão marinheiro disse...

Bem precisamos de renascer, que os tempos que andam por ai são de fenecimento.
Abraço amigo desde o norte