Li agora mesmo que escrever é curar padecimentos e evitar paixões. Penso nisso há muito.
Talvez por isso tenha sido refratário à escrita em alguns momentos da minha vida ou tenha-lhe dedicado apenas doses pequenas, bebíveis, tentando contornar assim os efeitos secundários do medicamento.
Nesse aspeto, sinto que imito a Natureza, procurando o caminho mais eficaz para a vida.
Na guerra e no amor, ninguém estanca para escrever.
Se o fizer, fá-lo antes, numa antecâmara, como se despisse o casaco antes de jantar; ou então apenas depois, propondo-se a eternizar o momento que ainda não foi, porque falta escrevê-lo.
Amadora, 26 de maio

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