04/10/2025

Surdina


Ouve as côdeas secas da tua casa,

quando roçam as gengivas,

os passos das traças atrás do móvel da sala,

o ruído dos canos levando a água  para o mar,

o silêncio suspenso do candeeiro sobre a cama.


Ouvir é um ato insuspeito —

mas insurreto —

no império quieto dos olhos.

2 comentários:

carlos perrotti disse...

Plenos de haikus y tankas tus versos, amigo...
Envidiables, por cierto...

Graça Pires disse...

Ouve-se o que se quer e aquilo que não se quer. É por isso que ladeamos de argila as janelas de casa para que o ruído não abra uma ferida nas paredes brancas onde apenas suportamos o silêncio.
Desejo que esteja bem.
Um beijo.