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21/09/2025

No ideas, but in things

Magras são as manhãs
para o lirismo que pousa
como pó sobre as mobílias.

Escrevo-as com um pano,
prendendo as palavras
na humidade do tecido.

E, se no final,
as mesas e os armários brilham
como capacetes de legionários
antes da batalha,

e a alma começa devagar
a regressar ao corpo,

é na folha de papel
que ficam
as marcas irregulares
das sensações.

A pergunta é sempre a mesma:
o que farei agora,
depois das deixar aqui e assim
na ata desta reunião sincera.

Regar as plantas, talvez.

2 comentários:

  1. Regue as plantas e antecipe as palavras que escreverá outro dia quando o pó já não cobrir os móveis e no recinto dos cânticos mais discretos encontrar a herança de tábuas sagradas com a respiração com que celebra cada instante.
    Desejo que esteja bem.
    Um beijo.

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  2. Seguirás cumpliendo tu misión como Poeta: iluminar, conmover, detectar lo que es urgente encontrar ...
    Bravo, amigo .. Abrazo hasta allá...

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