08/06/2023

Sobre a cratera



Tudo dorme e se agita já.


Contra a teoria das coisas

lutam os barcos presos às docas.


Os bandos partem espantados

furando aguaceiros de pedras.


As persianas descem

na proporção inversa

em que crescem as baratas

pelos canos das casas.


Há uma aragem fria, exata,

navalha afiada nas veias

pelo barbeiro da aldeia.


Tudo dorme ainda

crente, quente e embalado 

sobre a  cratera.






2 comentários:

Jaime Portela disse...

Não conhecia o seu blogue. E cheguei aqui porque vi um poema seu publicado no blogue da Graça Pires.
Li vários poemas e fiquei encantado. Achei-os excelentes.
Parabéns pelo talento que as suas palavras revelam.
Bom feriado e continuação de boa semana.
Um abraço.

Pedro Luso de Carvalho disse...

Como ocorreu com nosso amigo Jaime, outro poeta talentoso,
não conhecia o seu blog, mas o seu comentário feito no meu
último conto trouxe-me aqui para conhecer o seu blog.
Então, lendo sua atual postagem fui surpreendido com esse
seu belo poema, um convite para novas leituras, certamente.
Parabéns, poeta.
Um bom final de semana, com saúde e paz.
Um abraço.