30/09/2022

Faz tanta falta, a chuva

 Chove, mas pouco.

E a singular ternura outonal

faz-se arredia, bravia, refratária até.

Perguntamos às raras nuvens  

como se faz "chuva"

apenas com  palavras 

ou com ideias esbatidas 

que ficaram por tirar do saco

que levámos no verão.


Pela cidade abaixo, a multidão

também não quer saber desta falta de humidade, 

nem sequer da sã melancolia

que há nos castanheiros da tua aldeia, 

quando o frio lá chega a rigor. 

Prefere antes bater de rua em rua,

num roído sobressalto,

o labirinto seco das renovadas ilusões.


1 comentário:

solfirmino disse...

Aqui no Rio de Janeiro o frio não é intenso, então não entendo a expectativa da chegada dele. Mas entendo a expectativa do calor. Entretanto estamos falando em poema e você escreve muito bem, Luis. Gostei muito.