Não procures mais.
As horas estão marcadas.
Escorregamos para elas, centrípetos.
Um camisa apertada
impele-nos para o ralo
que nos chupa e cuspe depois
para a insónia
de uma noite sábia.
Não procures mais.
As horas estão marcadas.
Escorregamos para elas, centrípetos.
Um camisa apertada
impele-nos para o ralo
que nos chupa e cuspe depois
para a insónia
de uma noite sábia.
Por enquanto, a gata naufraga num refugo de Sol. Insolente, desperdiça a vida, vivendo-a. Saberá ela que tem sete?
Uma cerca de nuvens conspira a restauração da sombra. O vento ladra nas persianas. Os pássaros leram nas folhas dos ulmeiros a tempestade. E partiram aos bandos para o azul mais alto que há nos primeiros quadros de um pintor esquecido.
Quando pressentes a noite ao meio-dia, já sabes, que é inverno. E mesmo que, em pijama, te banhes numa caneca de chá e te seques depois na margem dos biscoitos, o mau tempo recorda-te que és carbónico e pouco mais do que isso.
Tinha medo de morrer
e de viver.
Acordava morno.
Bebia sempre leite com café pela manhã.
E quando as aves partiam para sul,
recolhia aos aposentos.
Sentado nas memórias,
ligava a TV
para ver os vivos e os outros.
Quando as aves regressavam,
acendia o fogareiro.
Depois chamava Neptuno e as Bacantes
e oferecia-lhes a imolação da prata
que havia nas escamas das sardinhas.