os raios vencem
a névoa baixa do lago
a garça regressa
peixes vermelhos
agitam o sono da água
a garça espera
a lua já brilha
no espelho do lago
a garça parte
os raios vencem
a névoa baixa do lago
a garça regressa
peixes vermelhos
agitam o sono da água
a garça espera
a lua já brilha
no espelho do lago
a garça parte
Serra a cima, serra a baixo, os dois fomos um: ajudaste-me a transpor a fronteira dos meus medos, subimos e descemos o vale e avançámos depois aos ziguezagues pelas margens do rio, porque não há um caminho directo para nada que valha a pena. E no final, mergulhámos nas águas translúcidas e límpidas do rio, como se tivéssemos a entrar num merecido paraíso ou mesmo num antigo lugar de onde partimos outrora.
Se esta caminhada não foi uma metáfora da vida, então foi um sonho partilhado que tivemos numa cabana de madeira no sopé da montanha, tão real e concreto que nos pareceu verdadeiro.
Nota: A própria forma parabólica do vale evoca a vida: nascemos espírito, caminhamos depois no sentido descendente da terra, da matéria. Mais tarde iniciamos de novo a subida para o céu, até ao que é leve e somente ideal.