26/12/2014
23/12/2014
19/12/2014
Maria de Lurdes
A ti que me ensinaste a ver com o coração,
a ti que foste carinhosa com os fracos e rufia com os
pequenos tiranos,
a ti que foste a mãe das minhas emoções,
a ti e apenas a ti, neste imenso pequeno momento, eu te
saúdo,
Maria de Lurdes, minha ama de colo infinito.
Escrever com o sol na mão e ver o vento soprar
Escrever com o sol na mão e ver o vento soprar. Escrever palavras luminosas que preparem para o escuro. Escrever frases médias para não se cansarem ou perderem o fôlego. Escrever o silêncio e ouvir o mar ao longe. Escrever como se os dedos fossem galhos de árvores com folhas ainda verdes. Escrever os versos mais solares e mais vibrantes. Fechar os olhos e ver. Ver e reter o principal. Não ter medo do frio e da indigência. Virar-se para os outros em sorriso e em ajuda. Não ter dinheiro e dar muito, dar-nos. Aceitar o que nos dão, agradecendo. Fechar as luzes, reacende-las. Tocar o mistério, sem o anular. Tocar cada vez mais luminosamente. Tocam com muitas vozes a acompanhar. A corrente do amor é forte, mas não fulmina. Rimos e choramos. Ganhamos e perdemos. Vivemos, participamos do ser mais profundo que, de dentro, ilumina o mundo, fazendo-o dançar.
Maria Teresa Dias Furtado
Maria Teresa Dias Furtado
"A palavra" de Carl Dryer
Pelo significado do Natal na cultura ocidental e da sua inspiração judaico-cristã, recomendo a todos a visualização do filme de Carl
Dryer, “A palavra”.
O objectivo da minha recomendação tem um sentido critico e
um objectivo pedagógico. Recentrar a consciência em dois aspectos que parecem
esquecidos e são fulcrais na ética ocidental: O milagre e Jesus Cristo. O filme
reflecte sobre o regresso espiritual de Jesus Cristo à terra (Um estudante de Teologia que fala como se fosse Jesus Cristo), bem como do cariz sua mensagem e
da importância do milagre, como último reduto da esperança humana. O milagre é o herdeiro natural do Deus Ex Machina das peças da antiguidade clássica, ou seja, o momento em que um Deus aparece para mudar a vida dos mortais.
18/12/2014
"A moura"
No próximo dia 23 de janeiro, o Teatro Passagem de Nível estreia "A moura" de minha autoria:
"Em 1362, uma princesa moura permanece refém num convento entre Alcobaça e a Vila de Ourém, enquanto espera que o seu destino incerto se decida. El-Rei D.Pedro I, "O Justiceiro" ou "O Cruel", anda em folguedos e montarias na região. Na Vila de Ourém, uma intriga política cresce entre um clima de feitiçaria e um calor feroz que teima em não abandonar aquelas paragens. A cobiça, a ambição, o amor jovem e tardio são as forças em confronto naquela vila. Um grupo de mulheres e crianças, que vem em cruzada para resgatar os seus homens feitos prisioneiros na batalha do Salado,chega à vila. O seu destino é Córdoba, cidade do Al-Andaluz, território cada vez mais exíguo, numa península cada vez mais cristã.
A princesa Moura chama-se Fátima, o nome da filha de Maomé, apesar de ter sido baptizada com o nome de Oriana no convento onde agora vive. Perto do local onde nos nossos dias se presta o culto à Virgem Maria algo acontece."
16/12/2014
Dois apontamentos sobre o desespero
I.
As bombas caiam sobre Berlim. Os aliados avançavam e tomavam
a cidade. No bunker, o Estado-Maior alemão dançava ao som do swing e bebia
champagne francês. Uma bomba fez tremer a sala da festa. Por momentos, houve um
lapso de realidade. Depois a festa continuou.
O frágil polvo , perseguido por uma garoupa enorme, viu um
buraco quase perfeito. Finalmente estava seguro. Entrou lá para dentro. Esperou
algumas horas, enquanto a garoupa rondava aquele abrigo quase perfeito. O peixe, impotente, acabou
por partir. O polvo sossegou e deixou-se ficar num meio sono, com um olho
ensonado e o outro amedrontado. Quando a luz vinda do céu cresceu, sentiu que o
abrigo emergia. Não entendeu logo o que se passava. Resolveu ficar na segurança
do buraco que afinal era apenas uma armadilha de pesca. O pescador retirou-o com um
gancho e colocou-o numa caixa de madeira. Três minutos depois, virou-lhe a
cabeça do avesso e o polvo, enchendo os guelras de ar, gritou o silêncio todo do
mar.
15/12/2014
Não me disfarço de poeta
Não me disfarço de poeta
A minha coragem é a resistência
Não me escondo atrás de máscara
Enquanto luto pela existência
A minha coragem é a resistência
Não me escondo atrás de máscara
Enquanto luto pela existência
11/12/2014
retribuir e agradecer
"O poeta vive o seu tempo, mas não se reduz a ele. Partilha dores e alegrias, indigna-se, comove-se. Nada do que é humano lhe é alheio. Mas quer oferecer, pela palavra reconstruída no silêncio, um tempo mais humano que possa invadir, com a colaboração livre dos leitores, o nosso tempo. Tempo em que pouco se vislumbra a esperança, a mudança de mentalidades, a cordialidade, a solidariedade. Então o poeta recorda a beleza, não a que foi, mas a que é: nas maravilhas da natureza e do coração humano, aceso em compreensão. O poeta não quer um pedestal, quer humanidade, um dar de mãos autêntico, uma fala a todos acessível que desperte o desejo de fazer melhor porque se sente amado. Poeta: também para retribuir e agradecer."
Texto da Professora Maria José Dias Furtado
Texto da Professora Maria José Dias Furtado
05/12/2014
04/12/2014
Destino
Entrego-Te o destino que devido à sua complexidade, me inibo de gerir. E se tudo me tirares, seja feita a Tua vontade.
Eu entendo os que me pedem para agir. Mas como fazê-lo ? Eu agora só sei esperar. Pela inércia, por ter baixado as armas, peço desculpa ao Deus da Guerra. Porém, todos os que em mim ainda confiam, devem saber que os poetas tem a disfunção de inventar a realidade. É impossivel colocarem-se no lugar de um poeta carregando na cabeça a casa grande da razão. É impossível. Somos diferentes e sempre incompletos, ainda que os nossos olhos carreguem mil anos de infantis emoções.
Não tenham pena dos poetas. Não tenham inveja deles. Tentem compreendê-los e dar-lhes o benefício da invenção.
Eu entendo os que me pedem para agir. Mas como fazê-lo ? Eu agora só sei esperar. Pela inércia, por ter baixado as armas, peço desculpa ao Deus da Guerra. Porém, todos os que em mim ainda confiam, devem saber que os poetas tem a disfunção de inventar a realidade. É impossivel colocarem-se no lugar de um poeta carregando na cabeça a casa grande da razão. É impossível. Somos diferentes e sempre incompletos, ainda que os nossos olhos carreguem mil anos de infantis emoções.
Não tenham pena dos poetas. Não tenham inveja deles. Tentem compreendê-los e dar-lhes o benefício da invenção.
Poetas perigosos
Só meto com poetas perigosos. Primeiro, Ruy Belo que me
deixou nostálgico. Agora o Manoel de Barros que está deixando-me criança.
E,
para finalizar, preciso vos confessar: “Basta de Fernando Pessoa requentado”,
ainda que seja o mais admirável poeta que já li.
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