Reparei, em tempos, que um livro do Prof.Daniel Sampaio se intitulava "Somos livres dentro de uma prisão". Eu substitui a palavra "Prisão" por "Aquário" para enriquecer o conceito. A ideia pareceu-me luminosa como modelo interpretativo da existência humana num contexto social segmentado, organizado em classes, corporações, condições que balizam a existência de um humano. Quantas vezes no dia-a-dia não damos uma "cabeçada" nas paredes do "aquário" ?
Tudo o que acumulamos - história, conhecimento e amigos - são para além de um potencial, uma parede transparente. Essa parede permite-nos uma percepção limitada do exterior, ao mesmo tempo que nos impede de ingressar na outra dimensão que se espraia por detrás das paredes de vidro.
A única possibilidade de sair do "aquário" é o salto. Mas esta possibilidade gera-nos perplexidade, desconfiança e angústia, porque não sabemos ao certo o que nos espera do outro lado: Um aquário mais interessante e venturoso ou uma alcatifa seca, onde ofugantes iremos morrer secos e sem réstea de glória ?