31/01/2012
Desafiar o destino
Estava há alguns meses a jogar no Sporting Clube Portugal, era búlgaro e a vida profissional não corria muito bem. Não marcava golos, nem fazia boa exibições.
Num jogo com pouco interesse competitivo contra o Moreirense, contrariou as definições do treinador, quando empurrou um colega de equipa para que fosse ele a marcar uma grande penalidade. Falhou.
Mais tarde, disse numa conferência que "Foi o destino que decidiu.".
Eu acho que Bojinov quis forçar o destino.
Quis perceber se valia a pena, ou não, continuar a jogar entre os Leões. O destino disse-lhe que não. Soube perguntar, como quem, há 2000 anos, perguntava ao Oráculo de Delfos. Soube escutar a voz dos deuses.
Foi dispensado do clube sem honras nem glória. Mas cumpriu-se o destino sem delongas.
A presença da ausência
Li, num escaparate do Jumbo, algumas páginas de uma biografia de Steve Jobs, ex-CEO da Apple. Entre uma lista de pontos fortes atribuídos a Jobs, reparei que um deles era mais invulgar: a capacidade estática. O livro, citando Jobs, revelava: "A Apple orgulha-se tanto dos produtos que lançou no mercado, como daqueles que não lançou."
29/01/2012
Teoria do caos
É fan-tás-ti-co.
O embuste continua embuste.
Todos o reconhecem.
Espelho refletindo
um lago de sal.
O enforcado é tão-só
alguém que se enganou no último cruzamento.
É um dia de sol
entretanto nublado.
A verdade é orgânica
e hoje entendi-o.
Por isso
e só por isso
caminho com gosto
entre as gentes da Reboleira.
O embuste continua embuste.
Todos o reconhecem.
Espelho refletindo
um lago de sal.
O enforcado é tão-só
alguém que se enganou no último cruzamento.
É um dia de sol
entretanto nublado.
A verdade é orgânica
e hoje entendi-o.
Por isso
e só por isso
caminho com gosto
entre as gentes da Reboleira.
26/01/2012
1 imagem = 1001 palavras
Nem todas as imagens valem mil palavras. Esta vale de certeza. Por isso, não digo mais nada. Concluam ou especulem se acharem que vale a pena.
21/01/2012
Citizen Kane
A Cinemateca Portuguesa abriu ontem o ciclo "Não o levarás contigo - Economia e Cinema" com o filme de Orson Wells, "Citizen Kane". O filme foi escolhido e apresentado pelo economista e ex-ministro Luis Campos e Cunha, que justificou a sua escolha como não sendo óbvia e por isso mais interessante e apetitosa.
Concordo com ele, o dinheiro não é na essência matéria de economistas. É matéria do foro da vida. Charles Forster Kane, personagem central do filme, quer ser amado sem amar. Julga que o poder e o dinheiro podem comprar o amor dos outros. Engana-se e acaba por construir um mundo à parte, o palácio de Xanadu, por que o mundo real, no fundo, despreza-o.
Fiquei com a ideia que o professor Campos e Cunha tem em mente um projeto politico que passa pela criação de uma alternativa partidária. Será ?
19/01/2012
Parabéns, Eugénio
Em sua homenagem, deixo a bandeira a meia-haste e o final do seu poema "Mãe":
"(...)
ainda ouço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal…
Mas tu sabes a noite é enorme,
E todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
Dei às aves os meus olhos a beber.
Não me esqueci de nada mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.
Boa noite. Eu vou com as aves.
(...)"
E acho que ele foi mesmo com as aves. Tão leve, caminhava sobre as nuvens.
12/01/2012
Exortação
Uma mole de gente descia a rua. A tarde era cinzenta e de chuviscos. Tudo em redor parecia uma fotografia dos dias anteriores, à excepção daquela pequena multidão, empunhando cartazes e lançando algumas palavras de ordem.
Eram várias as mensagens dos cartazes. Retive a frase, escrita a letras vermelhas mal formatadas, de um deles: "DEUS NOS DEFENDA DE NÓS PRÓPRIOS!".
Eram várias as mensagens dos cartazes. Retive a frase, escrita a letras vermelhas mal formatadas, de um deles: "DEUS NOS DEFENDA DE NÓS PRÓPRIOS!".
11/01/2012
Uma mente brilhante
O rapaz arrependeu-se de pensar. Disse que estava a divagar e regressou ao discurso ensaiado de quem cumpre um papel teatral.
"É pena" pensei eu, que há dias atrás comentava com um homem de letras, sobre a pouca popularidade das ciências humanas entre as pessoas.
É tal a propaganda do pensamento físico-matemático, que até chamaram à biografia de um matemático norte-americano que sofria de esquizofrenia: "Uma mente brilhante".
09/01/2012
Inventário da traição
Numa longa fila de trânsito, à saída da cidade, pensou:
"Uma cadeira de balanço, uma lareira, uma janela, um copo de brandy, um cão de caça, uma gata zarolha, um estômago, uma espingarda e um livro de aventuras.
Se era isto que eu queria, porque me traí?"
"Uma cadeira de balanço, uma lareira, uma janela, um copo de brandy, um cão de caça, uma gata zarolha, um estômago, uma espingarda e um livro de aventuras.
Se era isto que eu queria, porque me traí?"
06/01/2012
Aprender com a História
Passados alguns anos do início da revolução francesa (1789-1799), Napoleão Bonaparte desalentado, relatou numa carta:"Nada mais interessa do que dinheiro e poder. Dinheiro e poder.".
A fraternidade, a igualdade e a liberdade eram apenas slogans revolucionários em que já ninguém acreditava. Tinha terminado um pacto social denominado Antigo Regime e começava outro regime. Mas os fundamentos da mudança tinham tido uma vida curta.
Curta demais.
03/01/2012
Quando o rio enfurece (Wild River) - Elia Kazan
Está em marcha o New Deal do Presidente Roosevelt. Este acordo, promove um conjunto de grandes obras públicas com o intuito de modernizar os Estados Unidos da América. No Rio Tennesse, projecta-se a construção de dezenas de barragens que levaram o progresso aos estados mais atrasados do sul. À cidade de provincia, chega o homem do futuro, Montgomery Clift, enviado por uma agência governamental para negociar o último terreno da região com uma irredutível proprietária de 80 anos. Ele representa a mudança, que gera a crise. "Wild River" relata o choque inevitável entre dois mundos.
Elia Kazan que havia já realizado um documentário sobre esta região, realiza este filme com saudáveis 30 anos depois do New Deal. Agora tem o distanciamento suficiente para expor os seus argumentos de forma mais aberta e sensata. Kazan, como homem de teatro, traz para a 7ª arte um estilo próprio de filmar conflitos, de configurar as cenas e de expor as posições das personagens de uma forma muito definida. Como dificilmente o reverei, não pode deixar de registar este filme no blogue, como forma de eternizar, o mais possível, o bom momento que vivi hoje na Cinemateca de Lisboa.
Quando o Rio se Enfurece
- Título original:
- Wild River
- De:
- Elia Kazan
- Com:
- Jo Van Fleet, Lee Remick, Montgomery Clift
- Género:
- Drama
- Outros dados:
- EUA, 1960, Cores, 110 min
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