31/12/2010
Desafia 2011. E Desafia-te!!
A vida pode ser vivida como uma suave descida ou como uma árdua subida.
Se tu estás descendo a ladeira, ela é conveniente e confortável. Não é necessário da tua parte nenhum esforço, nenhum risco, nenhum desafio.
Mas também não ganhas nada - simplesmente vais à deriva, do nascimento até a morte. A vida permanece um grande vazio.
É preciso ser laborioso, é preciso aceitar os desafios que levam a pessoa a uma jornada para cima. Isso é difícil, é perigoso, mas desperta o que há de melhor em ti.
Cria integridade, cria finalmente uma alma em ti. Precisas aplicar todas as energias à tarefa, só assim... É preciso arriscar tudo, só assim... Assim a vida desabrocha, floresce.
Ela se torna uma alegria, uma realização, uma satisfação, uma benção.
OSHO dixit
23/12/2010
Primitivos Portugueses - Pintura no Museu de Arte Antiga
“Primitivos Portugueses” – Exposição a decorrer no Museu Nacional de Arte Antiga até dia 25 de Fevereiro de 2011, merece uma visita – se possível acompanhada por guia (Todos os dias às 15.30). Comemora-se os 60 anos da exposição homónima decorrida durante a exposição Universal de Lisboa de 1940 e cem anos que o Painel de S.Vicente deixou espaço do Convento de S.Vicente de Fora para apresentação pública. Podem ver-se obras de Nuno Gonçalves, Grão Vasco, Francisco Henriques, Frei Carlos, Gregório Lopes, Garcia Fernandes e Cristovão Figueiredo.
15/12/2010
Encontro com Gonçalo Cadilhe
Hoje viajava de metro, quando entra o Gonçalo Cadilhe (jornalista de viagens) e senta-se defronte de mim. Não pude deixar de o cumprimentar e dizer-lhe o quanto aprecio os seus livros e projectos. Que inveja tenho eu deste homem que leva a vida a viajar e a escrever. Conversámos 3 estações e saímos os dois em São Sebastião. Disse-me que ia à FNAC do Colombo, apresentar o seu último livro “ O Mundo é Fácil ”. Informou-me ainda que ia apanhar a Linha Azul para sair na estação do Colégio Militar. Despedimo-nos e lá foi ele para a sua vida. A ironia veio depois. Encontrando-o de novo junto às escadas rolantes, disse-lhe: “Veja se vai no sentido correcto da Linha Azul ?”. Respondeu-me ele:”Já dei a volta ao mundo, não ia perder-me aqui”. Não resisti e pensei em voz muito alta para ele ouvir:”Esta é histórica. Eu a dizer ao maior viajante que conheço, como não se perder no metrozinho de Lisboa”. Nunca mais me esqueço desta, nunca.
13/11/2010
Elogio da leveza informática
Perseu (simbolo da leveza), decapita a Górgona(simbolo do peso), cujo olhar petrifica
Num mundo, onde a economia marca agenda de governos e cidadãos, as tecnologias de informação não foge à regra. Porém, existem outras perspectivas mais clássicas e não por isso menos interessantes. Falo-vos de Italo Calvino, que escreveu no primeiro ensaio, "A leveza", em "Seis propostas para o próximo milénio" da editora Teorema. Passo a citar: " Hoje em dia todos ramos da ciência parecem querer demonstrar-nos que o mundo assenta em entidades delicadíssimas: tal como as mensagens de ADN, os impulsos dos neurónios, os quarks, os neutrinos vagueando pelo espaço desde o princípio dos tempos...
É também a informática. É verdade que o software não poderia exercer os poderes da sua leveza senão pelo meio do peso do hardware; mas é o software que comanda, que actua sou sobre o mundo exterior e as máquinas, que só existem em função do software, evoluindo de modo a elaborar programas cada vez mais complexos. A segunda revolução industrial não se apresenta como a primeira com imagens esmagadoras como prensas de laminadoras ou torrentes de aço, mas sim como os bits de um fluxo de informação que corre por circuitos sob a forma de impulsos electrónicos. Continuam a existir máquinas de ferro, mas obedecem aos bits sem peso."
08/11/2010
Desejo
Deixem-me
encher os corpos
de verdes algas
anúbias anémonas
limos gerais
varrendo o ruido
de coisas opacas
celestiais
encher os corpos
de verdes algas
anúbias anémonas
limos gerais
varrendo o ruido
de coisas opacas
celestiais
15/09/2010
A campa do elefante
encaminhar-me ao velho desfiladeiro
como faz o elefante ?
Saberei eu
elevar-me, em paz e dignidade,
ao meu último paradeiro ?
Serei eu capaz ?
Ou dispersarei meus pobres passos
entre frágeis atalhos de tempo
sussurrando os mais falsos ais ?
31/05/2010
Já pensaste em ajudar-te ?
Ajuda os outros como te ajudasses a ti. Depois, lembra-te, ajuda-te a ti mesmo como se fosses outro.
10/05/2010
Seninho ou "el romancero gitano"
De novo em redor do centro de Lisboa, descobrem-se talentos tão genuínos como este. Para além da elite artística que medra nos lugares habituais, aparecem pela periferia manifestações de grande valor. Seninho transporta-nos ao mundo étnico cigano, qual herói do "Romancero Gitano" de Lorca.
04/05/2010
Linguagem da terra
Ela e ele caminhavam pela avenida, naquela terça-feira.
Ela: "Hoje está frio ?"
Ele: "Eu não tenho...ou melhor, sabe-me bem este frio."
Ela: "Como é possível ?"
Ele: "Tenho tanta necessidade da natureza que todas as suas manisfestações enchem-me de prazer: Sejam elas calor, frio ou vento."
Ela: "Hoje está frio ?"
Ele: "Eu não tenho...ou melhor, sabe-me bem este frio."
Ela: "Como é possível ?"
Ele: "Tenho tanta necessidade da natureza que todas as suas manisfestações enchem-me de prazer: Sejam elas calor, frio ou vento."
11/04/2010
Windows 2010
Thank you, Bill
[english]
He opens the computer every morning before thr bedroom windows. I realize now the meaning of civilization od the Windows brand.
Thank you, Bill
Zoom
O universo. A Via Láctea. O sistema solar. O planeta Terra. A Europa. A península Ibérica. A Meseta. Uma escarpa no Tejo Internacional (entre o Tejo e o Erges ). Uma comunidade de Grifos (abutres) e num recanto uma cria de abutre.
Quando se observa esta relíquia, sentem-se todos estes espaços surgirem de forma contígua e no sentido do novel habitante terrestre. Uma epifania.
Se tiverem um fim de semana livre e gostarem de desfrutar natureza ( aproveitem a primavera), visitem Salvaterra do Extremo e façam a caminhada "A Rota dos Abutres".
Quando se observa esta relíquia, sentem-se todos estes espaços surgirem de forma contígua e no sentido do novel habitante terrestre. Uma epifania.
23/03/2010
Comércio e Religião
Escrevia esta semana no semanário Expresso, o matemático e divulgador Nuno Crato que após um estudo bem fundamentado, concluiu-se que a qualidade e a quantidade do comércio é proporcional a dois factores: Religião e Justiça.
Apesar das múltiplas técnicas de marketing, gestão, contabilização, publicidade e vendas em que gastamos tanto tempo, a Religião é o factor mais determinante nas relações comerciais.
A afinidade é afinal um valor insubstimável. Pensando melhor, não surpreende assim tanto, pois não ?
Apesar das múltiplas técnicas de marketing, gestão, contabilização, publicidade e vendas em que gastamos tanto tempo, a Religião é o factor mais determinante nas relações comerciais.
A afinidade é afinal um valor insubstimável. Pensando melhor, não surpreende assim tanto, pois não ?
19/01/2010
Até sempre, Rohmer !
A morte do cineasta francês Eric Rohmer, no dia 11 de Janeiro, em Paris, aos 89 anos, encerra um importante capítulo da história do cinema.
Nascido Jean-Marie Maurice Schérer em 21 de março de 1920, em Tulle (França), Rohmer foi um dos maiores nomes do cinema e figura central da nouvelle vague – “nova onda”, movimento do final dos anos 1950 criado por jovens críticos como Jean-Luc Godard, Claude Chabrol e François Truffaut (1932-84) que questionava o cinema clássico francês.
Rohmer era conhecido por seu estilo intimista, com filmes sobre desencontros amorosos que colocavam a palavra no centro da ação cinematográfica. Os diálogos do seus filmes tomavam a forma de divagações filosóficas.
05/01/2010
Ilusão
Quem nunca sentiu que por detrás de tudo o que faz correr a vida está a ilusão?
Se retirarmos tudo aquilo a que chamamos Ilusão ou os mecanismos dedicados à criação da mesma, o que fica?
Animalidade, instinto de sobrevivência, o presente apenas, o bem-estar instantâneo...
O futuro é o pai da ilusão. Não conheço nada nem ninguém que tenha verdadeiras ilusões sobre o passado, a não ser que esse mesmo passado ilusório condicione as ilusões do futuro. Nesse futuro onde projectamos o sucesso, a saúde, a felicidade e, num registo quase bíblico, a esperança de encontrarmos Deus, um paraíso à nossa medida e uma espécie de reconhecimento transcendental após a nossa morte.
Quando sei que alguém mais próximo faleceu, fico ainda mais triste porque me lembro da infindável cadeia de desejos e afectos que se perderam. Esse desejo que enquanto projecção futura e demasiado diáfana toma a forma de ilusão. Todos estes desejos e afectos, por generalização ilusões, são o alimento do martírio ou sacrifício a que somos votados no duro dia-a-dia – impedidos quantas vezes de nos cumprirmos como gatos ( esses verdadeiros deuses sensíveis e contraditoriamente humanos). Quem legitima esta espécie de condenação ou veredicto auto-imposto, a não ser um estádio superior de existência, por si só, uma ilusão - não fossem os humanos (o único ser vivo que conheço bem) um fonte inesgotável de ambição e incomodo.
Outra pergunta: A ilusão é causa da vida ou da sujeição a que nos entregamos num aquário a que chamamos psique – resultado da vivência, cultura e genes que nos pré-determinam e que são fruto de um processo de evolução natural antiquíssimo ?
Como diria, Alberto Caeiro: “A metafísica é uma consequência de estarmos mal-dispostos” e só por isso escrevemos pequenos ensaios sobre generalizações como versa este tema.
Povoam a minha secretária, onde neste momento onde me encontro, um conjunto de molduras com fotos de crianças da minha família (filho e sobrinhos). Na estática dos seus olhos, existe inquietação, resignação, curiosidade, bonomia e naturalmente simpatia. Naturalmente, lembro-me do Pessoa: “Onde estarei eu em criança ?”
Se eu estivesse entre estas fotos, o que via, pensava e sentia. Que ilusões teria ? Decerto poucas e boas.
A minha ama, a D.Lurdes, era e ainda é (apesar da avançada idade) uma maravilhosa analfabeta que sem querer me ensinou o mais profundo lema de Saint-Exupéry: “É apenas com o coração que se vê. O essencial é invisível aos olhos.”.
Tal foi a marca que terá deixado este constatação imensa e intensamente repetida durante a minha tenra infância, que muitas vezes sou surpreendido por um forte e inexplicável sentimento que causa em mim uma sensação de inquietação, excitação e desconfiança para comigo próprio:
Como posso num mundo regido por cadeias de pensamentos lógicos, tentar argumentar dizendo aos meus interlocutores: “É assim, porque sinto” ?
Só consigo gerar uma argumentação válida, através de um processo de reengenharia que parte da conclusão obtida através do sentimento e pretende alcançar, como produto, os argumentos lógicos que quase sempre se escondem nesse imensurável mar do subconsciente.
Se este processo de dedução dos argumentos não é bem sucedido, ou seja, não os encontramos ou por dificuldades de comunicação não os transmitimos de forma plausível, enredamo-nos numa áurea de teimosia e de conflito generalizado com os outros e com nós próprios.
Encontrei para este imbróglio social, não diria uma solução, mas antes um escape travestido de saída de emergência: A poesia.
Poesia , uma forma de expressão onde a “mentira é verídica”, como disse o poeta espanhol Angel Crespo. Poesia lírica, onde o subconsciente, não de uma forma hipnótica, mas onírica e estética, consegue argumentar ainda que num contexto ilógico, ilógico no sentido ortodoxo da conceito. Criam, os poetas, desta forma, uma ferramenta retórica e científica se atendermos que parte de pressupostos válidos no âmbito do individuo e alcança conclusões válidas nesse mesmo contexto.
Mas se o homem é o fim último da natureza, a poesia pode bem ser uma janela indiscreta entre eles: Homem e Natureza.
À boa maneira discursiva, fecharei o ciclo deste pequeno ensaio, tentando concluir que a ilusão da razão, alicerçada na nossa emoção e intuição é a mais forte e auto-determinada das motivações. Tão forte que nos pode conduzir a algo fatidicamente ou excepcionalmente real, ainda que essa realidade não seja mais que a mais intima ilusão.
Talvez saltemos apenas de ilusão em ilusão com o fito de concluirmos, cito Pessoa, que “A única conclusão é a morte”. Até que a morte nos separe, a ilusão é um direito mas sobretudo um dever.
Se retirarmos tudo aquilo a que chamamos Ilusão ou os mecanismos dedicados à criação da mesma, o que fica?
Animalidade, instinto de sobrevivência, o presente apenas, o bem-estar instantâneo...
O futuro é o pai da ilusão. Não conheço nada nem ninguém que tenha verdadeiras ilusões sobre o passado, a não ser que esse mesmo passado ilusório condicione as ilusões do futuro. Nesse futuro onde projectamos o sucesso, a saúde, a felicidade e, num registo quase bíblico, a esperança de encontrarmos Deus, um paraíso à nossa medida e uma espécie de reconhecimento transcendental após a nossa morte.
Quando sei que alguém mais próximo faleceu, fico ainda mais triste porque me lembro da infindável cadeia de desejos e afectos que se perderam. Esse desejo que enquanto projecção futura e demasiado diáfana toma a forma de ilusão. Todos estes desejos e afectos, por generalização ilusões, são o alimento do martírio ou sacrifício a que somos votados no duro dia-a-dia – impedidos quantas vezes de nos cumprirmos como gatos ( esses verdadeiros deuses sensíveis e contraditoriamente humanos). Quem legitima esta espécie de condenação ou veredicto auto-imposto, a não ser um estádio superior de existência, por si só, uma ilusão - não fossem os humanos (o único ser vivo que conheço bem) um fonte inesgotável de ambição e incomodo.
Outra pergunta: A ilusão é causa da vida ou da sujeição a que nos entregamos num aquário a que chamamos psique – resultado da vivência, cultura e genes que nos pré-determinam e que são fruto de um processo de evolução natural antiquíssimo ?
Como diria, Alberto Caeiro: “A metafísica é uma consequência de estarmos mal-dispostos” e só por isso escrevemos pequenos ensaios sobre generalizações como versa este tema.
Povoam a minha secretária, onde neste momento onde me encontro, um conjunto de molduras com fotos de crianças da minha família (filho e sobrinhos). Na estática dos seus olhos, existe inquietação, resignação, curiosidade, bonomia e naturalmente simpatia. Naturalmente, lembro-me do Pessoa: “Onde estarei eu em criança ?”
Se eu estivesse entre estas fotos, o que via, pensava e sentia. Que ilusões teria ? Decerto poucas e boas.
A minha ama, a D.Lurdes, era e ainda é (apesar da avançada idade) uma maravilhosa analfabeta que sem querer me ensinou o mais profundo lema de Saint-Exupéry: “É apenas com o coração que se vê. O essencial é invisível aos olhos.”.
Tal foi a marca que terá deixado este constatação imensa e intensamente repetida durante a minha tenra infância, que muitas vezes sou surpreendido por um forte e inexplicável sentimento que causa em mim uma sensação de inquietação, excitação e desconfiança para comigo próprio:
Como posso num mundo regido por cadeias de pensamentos lógicos, tentar argumentar dizendo aos meus interlocutores: “É assim, porque sinto” ?
Só consigo gerar uma argumentação válida, através de um processo de reengenharia que parte da conclusão obtida através do sentimento e pretende alcançar, como produto, os argumentos lógicos que quase sempre se escondem nesse imensurável mar do subconsciente.
Se este processo de dedução dos argumentos não é bem sucedido, ou seja, não os encontramos ou por dificuldades de comunicação não os transmitimos de forma plausível, enredamo-nos numa áurea de teimosia e de conflito generalizado com os outros e com nós próprios.
Encontrei para este imbróglio social, não diria uma solução, mas antes um escape travestido de saída de emergência: A poesia.
Poesia , uma forma de expressão onde a “mentira é verídica”, como disse o poeta espanhol Angel Crespo. Poesia lírica, onde o subconsciente, não de uma forma hipnótica, mas onírica e estética, consegue argumentar ainda que num contexto ilógico, ilógico no sentido ortodoxo da conceito. Criam, os poetas, desta forma, uma ferramenta retórica e científica se atendermos que parte de pressupostos válidos no âmbito do individuo e alcança conclusões válidas nesse mesmo contexto.
Mas se o homem é o fim último da natureza, a poesia pode bem ser uma janela indiscreta entre eles: Homem e Natureza.
À boa maneira discursiva, fecharei o ciclo deste pequeno ensaio, tentando concluir que a ilusão da razão, alicerçada na nossa emoção e intuição é a mais forte e auto-determinada das motivações. Tão forte que nos pode conduzir a algo fatidicamente ou excepcionalmente real, ainda que essa realidade não seja mais que a mais intima ilusão.
Talvez saltemos apenas de ilusão em ilusão com o fito de concluirmos, cito Pessoa, que “A única conclusão é a morte”. Até que a morte nos separe, a ilusão é um direito mas sobretudo um dever.
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